Queima técnica de roças e o conhecimento indígena do uso do fogo no lavrado de Roraima - Brasil
lições do núcleo de prevenção e combate aos incêndios florestais de Roraima
DOI:
https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v9i1.974Palavras-chave:
‘Lavrado' de Roraima, manejo e cultura do fogo, queima técnicaResumo
O modelo de agricultura preponderante em terras indígenas na Amazônia e por extensão no estado de Roraima preconiza a derrubada da vegetação de pequenas áreas, geralmente em florestas, ilhas de matas e matas ciliares, seguido pela queima desse combustível como forma de preparo do solo e da terra para o plantio. O emprego da queima técnica de roças, como medida preventiva preconizada pelas Brigadas Federais de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, visa basicamente queimar de forma controlada, somente o combustível de uma determinada área, evitando o início e propagação de incêndios florestais, e ao mesmo tempo busca o envolvimento da população local na gestão territorial e ambiental de seus espaços tradicionais. A partir de solicitações de comunitários indígenas junto à s Brigadas Federais em Terras Indígenas no lavrado/savana no estado de Roraima, onde estas estão presentes, essas equipes se dirigem aos locais de queima em data determinada, geralmente no fim do período seco local, e, a partir de uma avaliação das condições climáticas, topográficas, da situação do combustível, etc. auxiliam tecnicamente seus proprietários no uso do fogo para limpeza e remoção da vegetação que fora derrubada. Dos resultados mais evidentes aponta-se um maior controle sobre o uso indevido do fogo, refletindo na diminuição da ocorrência de incêndios florestais gerados a partir da limpeza tradicional de áreas para a implantação de roças, e na sensibilização e envolvimento da população indígena local em relação ao trato correto dos seus recursos ambientais. O emprego dessa técnica se torna uma ferramenta de controle e prevenção de uso do fogo na vegetação, além de instrumento de preparo de terras para o plantio de culturas agrícolas essenciais aos povos indígenas. Assim a queima correta dos restos de vegetais de uma derrubada destinada a implantação de lavouras de subsistência, passa a ser um evento de uso racional do fogo, inserindo as comunidades indígenas como elemento e parte determinante no manejo e na cultura do fogo, tornando essa prática um mecanismo de gestão dos recursos naturais e territorial, deixando de se constituir, ao longo dos anos, num fator que por vezes dava início de incêndios descontrolados na vegetação.
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