Comunidade de aves em campos rupestres de um ecótono de Mata Atlântica Cerrado
notas sobre perda de habitat e conservação de espécies ameaçadas
DOI:
https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v11i1.1744Palavras-chave:
Florestas nebulares, floresta monodominante, estaçõesResumo
O território brasileiro possui a segunda maior diversidade de espécies de aves do planeta. No entanto, as ações humanas têm influenciado significativamente os ambientes montanhosos que abrigam as principais aves brasileiras ameaçadas de extinção. Portanto, o objetivo deste estudo foi (i) avaliar a comunidade de aves em campos rupestres de um ecossistema montano do ecótono Mata Atlântica-Cerrado; (ii) medir as perdas de áreas de campo a partir de análises temporais de imagens de satélite; e (iii) analisar as espécies de aves ameaçadas, principalmente a variação sazonal. O estudo foi realizado em uma área localizada em um ecossistema montano situado em uma região ecotonal entre dois hotspots globais de biodiversidade, a Mata Atlântica e o Cerrado. Um total de 45 espécies e 357 indivíduos foram registrados nos campos rupestres, e as famílias mais representativas foram Thraupidae e Tyrannidae. Além disso, identificamos uma diminuição nas áreas de campo rupestre por mudanças na cobertura do solo (plantações de eucalipto) de 2000 a 2019 anos, que correspondeu a 576,27ha. Os resultados mostraram registros de três espécies ameaçadas; Anthus nattereri, Coryphaspiza melanotis e Culicivora caudacuta, que não variaram entre as estações climáticas. Ressaltamos que as aves encontradas neste estudo, principalmente as ameaçadas, requerem prioridade de conservação devido à s perdas de habitat
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