Ecologia reprodutiva de Hypsolebias auratus, um peixe-anual do Cerrado: subsídios para o manejo conservacionista
DOI:
https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v15i1.2366Palavras-chave:
Rivulídeos, oviposição, diapausa, eclosãoResumo
Hypsolebias auratus é um peixe Rivulidae com elevado interesse de conservação, pois se encontra ‘‘Criticamente em Perigo’’. Assim, este trabalho teve como objetivo investigar as estratégias reprodutivas da espécie em cativeiro. Quinze indivíduos maduros foram separados em seis aquários, três contendo trisais (duas fêmeas e um macho) e três com casais. Cada aquário continha um ninho que foi substituído semanalmente durante cinco semanas; os ninhos foram secos e conservados e, após 60 dias, abertos e os ovos quantificados. Cada ovo foi classificado em diapausa DI, DII ou DIII (desenvolvimento embrionário) e molhado para determinar as taxas de eclosão. Os ovos não eclodidos foram remolhados após 30 dias. A taxa média de oviposição semanal por fêmea foi significativamente superior nos trisais em relação aos casais (p = 0,0333; α = 0,05). Do total de embriões obtidos, 95% permaneceram em DI e 5% alcançaram DIII. Dos embriões em DIII, 43% eclodiram, 28,5% morreram e 28,5% não eclodiram. Nenhum embrião em DI eclodiu. Ao término do estudo, 84,4% dos embriões permaneceram vivos, em boas condições. Conclui-se que o desempenho reprodutivo de H. auratus é melhorado com o aumento do número de fêmeas em relação a machos, resultando em maiores taxas médias de oviposição. Compreender melhor a ecologia reprodutiva dessa espécie contribui no manejo ex situ de H. auratus e, consequentemente, na conservação de rivulídeos anuais como um todo. Aprimorar o manejo ex situ é uma das importantes estratégias na conservação de espécies altamente ameaçadas, como é o caso desses peixes.
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