Turismo de observação do cavalo-marinho-do-focinho-longo Hippocampus reidi (Ginsburg, 1933) no Parque Nacional de Jericoacoara
ações de manejo para conservação da espécie
DOI:
https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v15i1.2644Palavras-chave:
Espécie ameaçada, turismo comunitário, observação de fauna, monitoramentoResumo
O turismo de observação de cavalos-marinhos é um atrativo do Parque Nacional de Jericoacoara (PNJ), realizado em parceria com as comunidades locais. A prática de captura e contenção temporária pode gerar estresse aos indivíduos de Hippocampus reidi, espécie considerada vulnerável (VU) ao risco de extinção. O presente estudo objetivou a elaboração de normas para a proteção de H. reidi no PNJ e a descrição de aspectos socioambientais da atividade. Entre 2020 e 2024 foi realizado o monitoramento da população de cavalos-marinhos nos três pontos para o embarque dos passeios turísticos. Em 2022 os cruzeiros foram acompanhados por observadores voluntários que descreveram aspectos sociais, ambientais e econômicos da atividade. No Ponto 1 observamos a menor média de visitantes, a menor arrecadação bruta e o maior número de condutores autorizados. No Ponto 3 observamos maiores irregularidades do ponto de vista ambiental e o maior número de visitantes e, consequentemente, maior arrecadação. No Ponto 2 registramos o menor tempo de contenção dos indivíduos de H. reidi porém apresentou estratégias de visitação com maior impacto ambiental. No período amostral realizamos 26 campanhas de monitoramento da população de cavalos-marinhos, observando um total de 121 indivíduos, sendo 63 machos e 58 fêmeas. No início dos anos 2010 os monitoramentos registravam centenas de indivíduos passando a poucas unidades no presente estudo. Esse declínio populacional é verificado em todo o Brasil justificando uma estratégia especial para a proteção da espécie no PNJ, com a proibição da captura, adotando como princípio a observação da fauna em seu ambiente natural sem interação direta.
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