Manejo de paisagens naturais socialmente valorizadas

o caso Véu de Noiva

Autores/as

  • Luiz Gustavo Gonçalves Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade , Brasil
  • Cintia Maria Santos da Camara Brazão Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade , Brasil

DOI:

https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v9i1.1152

Palabras clave:

Manejo Integrado do Fogo, queima prescrita, impactos sociais, gestão territorial

Resumen

Símbolo do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (PNCG), a Cachoeira Véu de Noiva constitui uma das paisagens mais conhecidas do estado de Mato Grosso. Com uma média de 125.480 visitantes por ano, o PNCG figura entre as 10 unidades de conservação federais mais visitadas do país (ICMBio, 2019). O Véu de Noiva é o atrativo mais buscado (média de 83,95% do total). Caracterizada por parte alta e parte baixa, esta paisagem foi registrada pelo artista Aimé-Adrien Taunay, integrante da "Expedição Langsdorff", que em 1827 visitou a então "Cachoeira do Inferno". O naturalista revela uma vegetação de Cerrado campestre, entrecortada pela mata ciliar do rio Coxipó, até a queda na ruptura do relevo, tendo abaixo o cânion e a vegetação florestal das matas de encosta e galeria. Com as mesmas características, tal paisagem foi registrada em variadas imagens no século seguinte. O urbanista Lúcio Costa utilizou-as para elaborar a proposta do "Plano Diretor" da Chapada dos Guimarães (Casa de Guimarães, 2008). Este documento foi marcante para a criação do PNCG em 1989, incentivada por um amplo movimento social. Passados 30 anos, o plano de manejo do PNCG (ICMBio, 2009) incorpora a prevenção e o combate a incêndios florestais entre os seus programas. Embora o PNCG sofra com grandes incêndios anuais, a última queima registrada na paisagem do Véu de Noiva ocorreu em 1997. A eficiência do combate executado pela brigada, nesta porção do território, é facilitada pela proximidade da sede. Contudo, duas décadas sem fogo trouxeram alterações na estrutura e na composição de uma vegetação adaptada ao regime dos últimos dois séculos. Do mesmo mirante utilizado por Taunay, vê-se uma paisagem bastante diferente. Assim, além de avaliar os efeitos do encroachment da vegetação (Eldridge et al., 2011), busca se manejar a paisagem para a contemplação. A reintrodução do fogo ocorrerá através de um experimento dividido em quatro parcelas, com diferentes regimes de queima (3, 6 e 9 anos, mais o controle mantido sem fogo). Espera-se estimular pesquisas científicas e a divulgação dos princípios do manejo integrado do fogo, no âmbito de uma proposta de interpretação ambiental em trilhas de grande circulação.

Biografía del autor/a

Luiz Gustavo Gonçalves, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade , Brasil

Analista Ambiental lotado no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. Atual Gerente do Fogo.

Cintia Maria Santos da Camara Brazão, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade , Brasil

Analista Ambiental lotado no Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. Atual Chefe.

Citas

• COSTA, Lúcio; COSTA, Maria E.; JOBIM, Paulo. Chapada dos Guimarães: 30 Anos do Plano Diretor para o Turismo. Cuiabá: Casa de Guimarães, 2008.

• ELDRIDGE, David J.; BOWKER, Matthew A.; MAESTRE, Fernando T.; ROGER, Erin; REYNOLDS, James F.; WHITFORD, Walter G. Impacts of shrub encroachment on ecosystem structure and functioning: towards a global synthesis. Ecology Letters 14: 709-722, 2011.

• ICMBio. Plano de Manejo do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, 2009.

• ICMBio. Visitação em Parques Nacionais bate novo recorde em 2018. Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/20-geral/10216-visitacao-em-parques-nacionais-bate-novo-recorde-em-2018. Acesso em: 3 de maio de 2019.

Publicado

2019-05-15