Revisão sobre os efeitos do fogo em eriocaulaceae como subsídio para a sua conservação
DOI:
https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v1i2.115Palavras-chave:
cerrado, demografia, história de vida, queimadas, sempre-vivasResumo
Eriocaulaceae é uma das famílias mais numerosas e ricas em endemismos do Cerrado. A beleza das suas inflorescências faz com que espécies conhecidas como sempre-vivas (plantas de diversas famílias que tem suas inflorescências pouco alteradas após serem colhidas e desidratadas), sejam cobiçadas pelo mercado nacional e internacional de plantas ornamentais secas. O declínio das populações de várias eriocauláceas tem sido atribuído a um aparente aumento da freqüência de queimadas realizadas no Cerrado para renovar pastagens, preparar o solo para a agricultura e devido ao manejo extrativista. Neste trabalho, revisamos a literatura científica que trata da ação do fogo em sete espécies de Eriocaulaceae que ocorrem no Cerrado. O fogo promoveu o aumento do número de indivíduos reprodutivos nas três espécies estudadas quanto a esse aspecto (Actinocephalus polyanthus, Comanthera elegantula e Syngonanthus nitens), de inflorescências por indivíduo em duas entre quatro espécies (Comanthera elegantula e Leiothrix crassifolia) e de sementes por capítulo na única espécie estudada nesse aspecto (S. nitens). O fogo estimulou ainda o recrutamento por plântulas devido à eliminação da vegetação competidora em três das quatro espécies estudadas (A. polyanthus, C. elegantula e Leiothrix arrecta, e por brotamentos em S. nitens). Em espécies policárpicas, o aumento do esforço reprodutivo pode impactar negativamente a produção de inflorescências nos anos seguintes à primeira estação reprodutiva após a queima (ex. C. elegantula e S. nitens), além do crescimento e sobrevivência de indivíduos em idade reprodutiva (ex. C. elegantula</i.). Entretanto, a mortalidade e a redução do crescimento podem ser atenuados pela coleta de escapos antes que as sementes sejam produzidas, como foi observado em C. elegantula. Queimadas freqüentes podem levar populações ao declínio através da exaustão do banco de sementes, mortalidade (principalmente de plântulas) e estímulo à reprodução e morte precoce em espécies monocárpicas. Por outro lado, a exclusão de queimadas por longos períodos pode levar as populações ao envelhecimento e ao declínio devido à redução no recrutamento e aumento da mortalidade, causadas pelo aumento da vegetação competidora. Considerações sobre o manejo de espécies de Eriocaulaceae são feitas, considerando diferenças em suas histórias de vida.Â
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