Monitoramento de refúgio de maternidade de Eptesicus furinalis d’Orbigny & P. Gervais, 1847 em área de floresta ombrófila mista
DOI:
https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v15i2.2344Palavras-chave:
Anilhamento, fidelidade ao abrigo, proporção sexual, morcegosResumo
Estudos de longo prazo permitem a compreensão da ainda pouco conhecida história natural das espécies de morcegos neotropicais. O monitoramento de abrigos utilizados por longos períodos e a marcação dos indivíduos permitem desvendar aspectos da biologia, ecologia e comportamento, fundamentais para o conhecimento científico e a busca pela conservação das espécies. Em geral, unidades de conservação possuem ambientes naturais relativamente preservados e abrigos protegidos contra vandalismos. Esses abrigos fixos possibilitam o desenvolvimento de estudos de longo prazo. Os objetivos deste trabalho foram monitorar uma colônia maternidade de morcegos insetívoros da espécie Eptesicus furinalis vivendo em abrigo estável e testar anilhas metálicas com abas como método de marcação seguro para permitir estudos de longo prazo. O telhado de uma casa de madeira e telhas de cimento-amianto localizada na Floresta Nacional de São Francisco de Paula, Rio Grande do Sul, servia como abrigo a morcegos insetívoros Eptesicus furinalis. Esses morcegos foram monitorados por meio de captura na saída do abrigo ao anoitecer e anilhamento no período entre outubro de 2010 e março de 2014. Após realização de pesagem, obtenção de medidas corporais, verificação do sexo, estado reprodutivo e marcação do antebraço direito com anilhas metálicas com abas e numeradas, os morcegos eram devolvidos ao abrigo na mesma noite. Total de 220 morcegos foram anilhados, sendo que 109 foram recapturados entre uma e seis vezes. Fidelidade ao abrigo foi observada em 58 indivíduos recapturados por mais de um ano. A proporção sexual foi 178 fêmeas e 42 machos (4,24 fêmeas para 1 macho). Gravidez foi observada nos meses de novembro e dezembro. A amamentação ocorre entre dezembro e janeiro e o recrutamento dos jovens entre janeiro e março. Inatividade reprodutiva aparente ocorre entre abril e setembro. As anilhas metálicas com abas foram eficientes para a marcação individual e permitiram verificar a existência de fidelidade ao abrigo.Downloads
Referências
1. Wilson DE, Mittermeier RA. Handbook of the Mammals of the World. v.9 Bats. Barcelona: Lynx Edicions; 2019.
2. Tuttle MD. America’s neighborhood bats: understanding and learning to live in harmony with them. Austin: University of Texas Press; 1988.
3. Reis NR, Peracchi AL, Pedro WA, Lima IP. Morcegos do Brasil. Londrina: Nelio R. dos Reis; 2007.
4. Arita HT, Ortega, J. The middle american bat fauna – Conservation in the Neotropical – Neartic border. In: Kunz TH, Racey PA. Bat Biology and Conservation. Washington: Smithsonian Institution Press; 1998. P.295-308.
5. Brasileiro AM, Machado RB, Aguiar LMS. Ecosystems services provided by bats are at risk in Brazil. Frontiers in Ecology and Evolution. 2022;10:852177 doi: 10.3389/fevo.2022.852177 DOI: https://doi.org/10.3389/fevo.2022.852177
6. Cleveland CJ, Betke M, Federico P, Frank JD, Hallam TG, Horn J, López Jr JD, McCracken GF, Medellín RA, Moreno-Valdez A, Sansone CG, Westbrook JK, Kunz TH. Economic value of the pest control service provided by Brazilian free-tailed bats in south-central Texas. Front. Ecol. Environ. 2006; 4(5):238-243. DOI: https://doi.org/10.1890/1540-9295(2006)004[0238:EVOTPC]2.0.CO;2
7. Barclay RMR, Harder LD. Life histories of bats: life in the slow lane. In: Kunz TH, Fenton MB. Bat Ecology. Chicago: The University of Chicago Press; 2003. P.209-253.
8. Findley JS. Bats: a community perspective. Cambridge: Cambridge University Press; 1995.
9. Fleming TH, Eby P. Ecology of bat migration. In: KUNZ TH, FENTON MB. Bat Ecology. Chicago: The University of Chicago Press; 2003. P.156-208.
10. Cryan PM, Diehl RH. Analyzing bat migration. In: Kunz TH, Parsons S. Ecological and behavioral methods for the study of bats. Baltimore: The Johns Hopkins University Press; 2009. P.476-488.
11. Racey PA, Entwistle AC. Conservation ecology of bats In: Kunz TH, Fenton MB. Bat Ecology. Chicago: University Chicago Press; 2003. P.680-743.
12. Altringham JD. Roosting and feeding ecology. In: Altringham JD. Bats from Evolution to Conservation. 2.ed. New York: Oxford University Press; 2011. P.137-173. DOI: https://doi.org/10.1093/acprof:osobl/9780199207114.003.0006
13. Kunz TH, Lumsden LF. Ecology of cavity and foliage roosting bats. In: Kunz TH, Fenton MB. Bat Ecology. Chicago: University Chicago Press; 2003. P.3-89.
14. Altringham JD. Reproduction and development. In: Altringham JD. Bats: from Evolution to Conservation. New York: Oxford University Press; 2011. P.113-135. DOI: https://doi.org/10.1093/acprof:osobl/9780199207114.003.0005
15. Fenton MB, Simmons NB. Bats: a world of Science and mystery. Chicago: The University of Chicago Press; 2014. DOI: https://doi.org/10.7208/chicago/9780226065267.001.0001
16. Fenton MB. Bats. New York: Facts On File; 1992.
17. Hutson AM, Mickleburgh SP, Racey PA. Microchiropteran Bats: global status survey and conservation action plan. Gland-Switzerland & Cambridge – UK: IUCN/SSC Chiroptera Specialist Grup; 2001. DOI: https://doi.org/10.2305/IUCN.CH.2001.SSC-AP.1.en
18. Peracchi AL, Lima IP, Reis NR, Nogueira MR, Ortêncio Filho H. Ordem Chiroptera. In: Reis NR, Peracchi AL, Pedro WA, Lima I.P. Mamíferos do Brasil. Londrina: Nélio R. dos Reis; 2006. P.153-230.
19. Diaz M, Barquez RM. Eptesicus furinalis: murciélago pardo común. In: SayDS-SAREM. Categorización 2019 de los mamíferos de Argentina según su riesgo de extinción. Lista Roja de los mamíferos de Argentina; 2019. Disponível em: http://cma.sarem.org.ar.pdf DOI: https://doi.org/10.31687/SaremLR.19.090
20. Castilla MC, Martínez JJ, Díaz MM. Mammalia, Chiroptera, Molossidae, Molossops temminckii (Burmeister, 1854), and Vespertilionidae, Eptesicus furinalis (d’Orbigny abd Gervais, 1847): New locality record and distribution extension in Córdoba Province, Argentina. Check List: Journal of Species lists and distribution. 2010; 6(4):549-551. DOI: https://doi.org/10.15560/6.4.549
21. Lutz MA, Merino ML. Eptesicus furinalis (Chiroptera: Vespertilionidae), una nueva espécie para la província San Luis, Argentina. Mastozoología Neotropical. 2010; 17(1):147-152.
22. Costa CLS, Olimpio APM, Lima ACS, Mendes SB, Ventura MCS, Fraga EC, Barros MC. First Record of Eptesicus furinalis (Chiroptera, Vespertilionidae) from the state of Maranhão, Brazil. Caldasia. 2023; 45(1):76-82. DOI: https://doi.org/10.15446/caldasia.v45n1.94085
23. Taylor M, Tuttle MD. Bats: an illustrated guide to all species. London: Ivy Press; 2019.
24. Bianconi GV, Pedro WA. Subfamília Vespertilioninae Gray, 1821. In: Reis, N.R.; Peracchi, A.L.; Batista, C.B.; Lima, I.P., Pereira, A.D. História Natural dos Morcegos Brasileiros: Chave de Identificação de Espécies. Rio de Janeiro: Technical Books Editora; 2017. P.321-351.
25. Cepeda-Duque JC, Ruiz-Correa LF, Cardona-Giraldo A, Ossa-López PA, Rivera-Páez FA, Ramírez-Chaves HE. Hectopsylla pulex (Haller, 1880) (Siphonaptera: Tungidae) infestation on Eptesicus furinalis (Chiroptera: Vespertilionidae) in the Central Andes of Colombia. Papéis Avulsos de Zoologia, Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo. 2021; 61:e20216138 doi:10.11606/1807-0205/2021.61.38 DOI: https://doi.org/10.11606/1807-0205/2021.61.38
26. Saraullo V, Loffler SG, Pastorino F, Watanabe O, Alonso ML, Hamer M, Moreira C, Martinez M, Martinez G, Brihuega D. First report of pathogenic Leptospira spp. in Tadarida brasiliensis bats (family Molossidae) and Eptesicus furinalis (family Vespertilionidae) of Argentina. New host species in this country? Revista Argentina de Microbiologia. 2020; doi:10.1016/j.ram.2020.09.007. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ram.2020.09.007
27. Bueno LM. Caracterização do ciclo reprodutivo de machos e fêmeas de Eptesicus furinalis (Vespertilionidae, Chiroptera): morfologia e variação hormonal [tese]. São José do Rio Preto: Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, 2018. 136f.
28. ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Plano de Manejo: Floresta Nacional de São Francisco de Paula. Brasília: MMA; 2020. [acesso em 26 abr 2021]; Disponível em https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-planos-de-manejo/plano_manejo_flona_sao_francisco_de_paula
29. Barquez RM, Díaz MM. Los murciélagos de Argentina: clave de identificación. Tucumán: Programa de Conservación de los Murciélagos de Argentina; 2009.
30. Díaz MM, Aguirre LF, Barquez RM. Clave de identificación de los murciélagos del cono sur de sudamérica. Cochabamba: Centro de Estudios en Biología Teórica y Aplicada; 2011.
31. Miranda JMD, Bernardi IP, Passos FC. Chave ilustrada para determinação dos morcegos da Região Sul do Brasil. Curitiba: João M.D. Miranda; 2011.
32. Mies R, Kurta A, King DG. Eptesicus furinalis. Mammalian Species. 1996; (526):1-7. DOI: https://doi.org/10.2307/3504316
33. Racey PA. Reproductive assessment of bats. In: Kunz TH, Parsons S. Ecological and behavioral methods for the study of bats. 2.ed. Baltimore: The Johns Hopkins University Press; 2009. P.249-264.
34. Moratelli R, Burgin CJ. Family Vespertilionidae (Vesper Bats). In: Wilson DE, Mittermeier RA. Handbook of the Mammals of the World. v.9 Bats. Barcelona: Lynx Edicions; 2019. P.716-981.
35. Bueno LM, Soares EM, Ferraz JF, Santiago CS, Comelis-Martins MT, Taboga SR, Morielle-Versute E, Beguelini MR. Testicular regression and recrudescence in the bat Eptesicus furinalis: Morpho-physiological variations and hormonal signaling pathways. The Anatomical Record. 2023; 1-16. doi: 10.1002/ar.25369 DOI: https://doi.org/10.1002/ar.25369
36. Bueno LM, Caun DL, Comelis MT, Beguelini MR, Taboga SR, Morielle-Versute E. Ovarian morphology and folliculogenesis and ovulation process in the flat-faced fruit-eating bat Artibeus planirostris and the Argentine brown bat Eptesicus furinalis: A comparative analysis. Acta Zoologica. 2018; 1-12 doi: 10.1111/ago.12247 DOI: https://doi.org/10.1111/azo.12247
37. Marques RV, Fabián ME. Ciclo reprodutivo de Tadarida brasiliensis (I. Geoffroy, 1824) (Chiroptera, Molossidae) em Porto Alegre, Brasil. Iheringia, Ser. Zool., Porto Alegre. 1994; (77):45-56.
38. Rintoul JLP, Brigham RM. The influence of reproductive condition and concurrent environmental factors on torpor and foraging patterns in female big brown bats (Eptesicus fuscus). Journal of Comparative Physiology B. 2014; 184:777-787. DOI: https://doi.org/10.1007/s00360-014-0837-9
39. Marques RV, Fabián ME. Atividade de saída de abrigo de morcegos insetívoros em área de clima subtropical com floresta ombrófila mista no planalto das araucárias no Rio Grande do Sul, Brasil. Chiroptera Neotropical. 2011; 17(1)Supplement :34-37.
40. Altringham JD. Reproduction and development. In: Altringham JD. Bats: Biology and Behaviour. New York: Oxford University Press; 1996. P.133-154. DOI: https://doi.org/10.1093/oso/9780198540755.003.0006
41. Fabián ME, Marques RV. Aspectos do comportamento de Tadarida brasiliensis brasiliensis (I. Geoffroy, 1824) (Chiroptera, Molossidae) em ambiente urbano. Biociências, Porto Alegre. 1996; 4(1):65-86.
42. Marques RV. Migração de morcegos e o caso de Tadarida brasiliensis no sul do Brasil. Anais do IV Encontro Brasileiro para o Estudo de Quirópteros; 13-15 dez 2002; Porto Alegre: 2002. Divulgações do Museu de Ciências e Tecnologia UBEA/PUCRS, Pub. Esp. 2003; (2):19-21.
43. Kunz TH, Weise CD. Methods and devices for marking bats. In: Kunz TH, Parsons S. Ecological and behavioral methods for the study of bats. 2.ed. Baltimore: The Johns Hopkins University Press; 2009. P.36-56. DOI: https://doi.org/10.56021/9780801891472
44. Mellado B, Carneiro LO, Nogueira MR, Monteiro LR. The impact of marking on bats: mark-recapture models for assessing injury rates and tag loss. Journal of Mammalogy. 2022; 103(1):100-110. Disponível em: https://doi.org/10.1093/jmammal/gyab153 DOI: https://doi.org/10.1093/jmammal/gyab153
45. Barros MAS, Luz JL, Esbérard CEL. Situação atual da marcação de morcegos no Brasil e perspectivas para a criação de um programa nacional de anilhamento. Chiroptera Neotropical. 2012; 18(1):1074-1088.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Os autores mantêm os direitos autorais de seus artigos sem restrições, concedendo ao editor direitos de publicação não exclusivos.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os artigos estão licenciados sob uma licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0). O acesso é livre e gratuito para download e leitura, ou seja, é permitido copiar e redistribuir o material em qualquer mídia ou formato.