Grupo focal como ferramenta para construção participativa e desenvolvimento do manejo integrado do fogo
DOI:
https://doi.org/10.37002/biodiversidadebrasileira.v9i1.928Keywords:
Etnoecologia do fogo, metodologia, ações participativasAbstract
O Manejo Integrado do Fogo compreende uma abordagem contemporânea de gerenciamento do fogo que associa as realidades socioculturais e as necessidades ecológicas dos ecossistemas com abordagens tecnológicas para propor queimadas prescritas, e assim, prevenir, monitorar e combater grandes incêndios. Neste contexto, são necessários espaços que permitam a integração entre os atores sociais, pois muitas vezes há divergências nas percepções e conflito quanto ao uso do fogo. O Grupo Focal é uma estratégia de coleta de informações de um tema foco que privilegia um espaço de interação entre o grupo e o pesquisador/facilitador, sendo que este encoraja os participantes a ouvirem e compartilharem experiências. Este estudo objetivou verificar a experiência de Grupo Focal realizado em Carrancas, Minas Gerais, com diferentes atores sociais conhecedores das ocorrências e práticas de manejo do fogo, para identificar as dificuldades e levantar propostas em relação ao seu uso na gestão e conservação das áreas naturais. Participaram nove atores sociais, entre eles produtores rurais tradicionais, brigadistas, pessoas ligadas ao turismo e poder público. Foram utilizadas técnicas de Diagnóstico Rápido Participativo, como linha do tempo, gráfico histórico e mapeamento participativo, gerando descontração e envolvimento nas atividades. O diálogo possibilitou identificar a prática tradicional de queimadas controladas nos ecossistemas campestres e as mudanças culturais que contribuíram para o aumento dos incêndios nos últimos anos. Foi realizada a linha do tempo e a caracterização dos maiores incêndios, o levantamento de áreas suscetíveis, e ações que devem ser priorizadas para conservação dos ecossistemas naturais. Os diferentes cenários de fogo (queimadas e incêndios) realçam distintas percepções dos atores sociais em relação ao seu uso, existindo, assim, um conflito entre os produtores rurais tradicionais e os brigadistas, principalmente nas questões de manejo do fogo. O Grupo Focal se mostrou eficaz ao proporcionar o diálogo e maior interação entre os atores sociais, diminuindo os conflitos existentes, gerando a reflexão e subsídios à construção do conhecimento e de estratégias de gestão, manejo do fogo e conservação dos ecossistemas naturais.
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